Os pequenos vitrais

Para a Maeve, no seu 11º aniversário

O dia de Santa Brígida chegou, com as suas tempestades,
A minha comunhão solene é na Primavera que vem.
O mistério de plantar - aquilo que cresce
em lugares ermos ou luxuriantes está sobre nós.
Uma aboborinha aumenta de tamanho saindo de flores cor de laranja
E a rocha inculta produz as suas armérias marinhas.

Fomos colher o vento e tu chegaste
Filha do hibisco e da canela.
Não és estátua encontrada num gélido museu.
Deitas chama e brilho por todos os lugares
da casa. O lar é a vagem.
Em breve a romperás para ires dançar.

Vejam como durante séculos alimentámos os filhos varões,
Escondemos as raparigas, ligámos-lhes os pés.
Pensaríamos que não faria qualquer diferença?
À medida que avançamos desastradamente para o milénio
As profecias estão todas de acordo em que o mundo vai acabar.
Os soldados aparecem como rebentos ao longo de todas as fronteiras.
Caem armados dos ventres de suas mães.
Alguma coisa mudou.
Fazes onze anos neste dia de Santa Brígida.
As mesmas meninas da festa do ano passado
Rodopiam nos seus fatos coloridos sobre o chão
De madeira cor de mel.
São uma girândola de pequenos vitrais
A tinir como um carrilhão de Natal.
Ah, mas este ano estarão mais facetadas,
A música torna-se mais lenta.

Penduro na parede uma cruz feita com caniços verdes.
Há, sob o solo, alguma coisa que se estira,
Uma tentativa de alcançar o sol.
Brid2, abre a tua garganta e abençoa-as!
Faz com que este tesouro de filhas criadas com tanto carinho,
Dispostas como safiras,
Amadureçam pelos continentes fora e se tornem rubis.