Pela mão de alguém

Olham pela vigia. Parados nas nuvens.
Atados a uma cadeira presa ao chão.
O tempo sobe com o aroma do café,
rodopia na colher que os vai adoçando.
Turbulência, cintos apertados.
Dez horas a passarem nas vozes em surdina.
Se eu soubesse, se pudesse saber tudo o que levam
nas malas. Mas também eu vou no porão.
Hei-de rolar no tapete até que peguem em mim.
Como um livro de bolso vou espreitar a cidade
pela mão de alguém. Tenho um segredo,
digo, uma combinação. Tenho os órgãos
espalhados pela cama de um quarto de hotel.
Mãos viajantes fecham-me os pulmões.
A cidade retalhada pelo clique da máquina
será deles por uns dias. Resta-me a tumba
do armário até à próxima reencarnação.