D’après D. Francisco de Quevedo

Também eu ceei com os doze naquela ceia
em que eles comeram e beberam o décimo-terceiro.
A ceia fui eu, e o servo; e o que saíu a meio;
e o que inclinou a cabeça no Meu peito.
E traí e fui traído,
e duvidei, e impacientei-me, e descartei-me;
e pus com Ele a mão no prato e posei para o retrato
(embora nada daquilo fizesse sentido).
Não subi aos céus (nem era caso para isso),
mas desci aos infernos (e pela porta de serviço):
comprei e não paguei, faltei a encontros,
cobicei os carros dos outros e as mulheres dos outros.
Agora, como num filme descolorido,
chegou o terceiro dia e nada aconteceu,
e tenho medo de não ter sido comigo,
de não ter sido comido nem ter sido Eu.